Número de brasileiros diagnosticados mais que dobrou em 2023, o que reforça a importância da vacinação e cuidados básicos
O aumento de casos de hepatite A no Brasil reforça a importância da vacinação e do cuidado com medidas preventivas. No último ano, o número de brasileiros diagnosticados com a doença mais que dobrou. O país saiu de 856 ocorrências em 2022 para 2.081 em 2023, segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde. As taxas cresceram especialmente nas regiões Sul e Sudeste, com a elevação de 224,2% e 141,9% respectivamente.
Em 2024, de janeiro a agosto, Curitiba registrou 491 casos, cinco óbitos e um transplante hepático realizado em decorrência da doença. A contaminação atinge principalmente homens jovens, entre 20 e 39 anos. Dos registros de hepatite A, 359 (73,1%) são em homens e 132 (26,9%), em mulheres; 292 (59,4%) foram internados em leitos hospitalares e 12 (2,4%) precisaram de cuidados em unidades de terapia intensiva (UTIs). A cidade não confirmava mortes desde 2012, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
A SMS aplicou, até agosto de 2024, 246 doses da vacina contra a doença em ações de bloqueio, que imunizam os contatos de pessoas com o diagnóstico confirmado. A ação foi implementada no início de julho, após o Ministério da Saúde destinar doses extras da vacina contra a hepatite A para o controle do aumento de ocorrências em Curitiba.
“Esse aumento atípico de casos de hepatite A na capital paranaense é associado ao contato entre pessoas suscetíveis com o vírus da hepatite, sem a vacinação prévia, inicialmente relacionado à transmissão sexual”, explica a médica e coordenadora do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, Heloisa Ihle Garcia Giamberardino.
É uma doença causada pelo vírus da hepatite A (HAV), que afeta o fígado. A transmissão ocorre principalmente por via fecal-oral (contato com fezes contaminadas), de pessoa para pessoa ou pelo consumo de alimentos ou água contaminados. Em ambientes onde o saneamento básico é precário, o risco de contrair a enfermidade é significativamente maior.
Os sintomas da hepatite A podem variar desde leves até graves e costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção. Inicialmente, manifesta-se com:
– febre;
– cansaço;
– mal-estar;
– má digestão;
– náuseas;
– dor abdominal;
– icterícia (amarelamento da pele e dos olhos);
– urina escura.
Em alguns casos, a infecção pode ser assintomática, especialmente em crianças abaixo dos 6 anos. A doença pode causar também complicações sérias, como insuficiência hepática aguda, principalmente em adultos, adolescentes e pessoas com comorbidades. A enfermidade pode exigir hospitalização e, em casos raros, levar à morte.
A imunização é a medida mais eficaz para prevenir a doença. Nesse sentido, os dados alertam para a importância de conferir a carteira de vacinação da criança e do adulto. O imunizante reduz de forma consistente a circulação do vírus na comunidade.
A vacina deve ser realizada em duas doses, com intervalo de seis meses entre cada uma delas. As sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam a aplicação rotineira aos 12 e 18 meses de idade. Na fase adulta, caso a pessoa ainda não esteja imunizada, deve vacinar-se o quanto antes, em especial as que tenham mantido contato com o vírus.
O imunizante contra a hepatite A está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de 1 a 4 anos. Para adultos, é disponibilizado na rede privada, exceto em situações de surto e bloqueio, quando é cedido pelo serviço público.
– Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos).
– Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos.
– Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes.
– Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras.
– Usar instalações sanitárias.
– Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto.
– Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
Fonte: Ministério da Saúde
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