No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, o Pequeno Príncipe reforça a importância da imunização especialmente dos bebês
A deficiência auditiva pode atingir pessoas de todas as idades e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2050 2,5 bilhões de pessoas no mundo terão algum tipo de perda auditiva. Na infância, até 60% dos casos poderiam ser evitados por meio da vacinação, acompanhamento pré-natal, realização da triagem neonatal e tratamento de doenças inflamatórias do ouvido, de acordo com a OMS. Por isso, neste Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, o Hospital Pequeno Príncipe reforça a importância da prevenção, diagnóstico e reabilitação precoce da surdez infantil.
Para prevenir os casos de surdez em crianças, é essencial que se tenham alguns cuidados desde a gravidez. “A gestante deve ter um pré-natal bem-feito, cuidar para não ter doenças infecciosas que possam gerar surdez, não usar drogas ou álcool durante a gestação e manter a carteira de vacinação do bebê em dia”, reforça o otorrinolaringologista Rodrigo Guimarães Pereira, do Hospital Pequeno Príncipe.
A taxa de cobertura vacinal no Brasil ainda está abaixo do ideal, por isso é importante manter a atenção no calendário de vacinação, especialmente dos primeiros dias de vida. Doenças como rubéola congênita, meningite, sarampo e caxumba podem causar surdez, além de outros graves problemas de saúde, inclusive podendo levar à morte. “As vacinas salvam vidas, e é fundamental não atrasar os imunizantes nas crianças e adolescentes”, explica a pediatra e coordenadora do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, Heloisa Ihle Garcia Giamberardino.
O primeiro passo para lidar com a perda auditiva e todas as doenças relacionadas é a identificação. O acompanhamento médico é essencial no diagnóstico, pois quanto antes for realizado melhor será o tratamento e a qualidade de vida. O ideal é que, em até 48 horas após o nascimento, todos os bebês passem pela Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) para identificação de qualquer alteração.
Além das questões congênitas, doenças e infecções, a surdez pode ter outras causas. Os históricos de perda auditiva na família podem ser sinais de alerta. O pré-natal também é importante, pois orienta as gestantes sobre os imunizantes que devem ser aplicados ainda na gravidez para prevenir doenças nos bebês.
As crianças estão em desenvolvimento e descobrindo o mundo ao seu redor, por isso possuem tendência a colocar objetos na boca e no ouvido. É importante que os pais estejam atentos aos pequenos nessa fase, pois a sensibilidade é ainda maior e, dependendo da profundidade e ponta do objeto inserido no ouvido, pode ocorrer perda auditiva.
Em bebês:
– falta de reação diante de sons altos;
– não reconhecimento da origem dos sons. Por exemplo, quando um objeto produz som e a criança não se vira em direção ao barulho;
– o bebê não tenta fazer sons com a boca, como tentativa de fala;
– prefere não utilizar brinquedos que fazem barulho;
– não muda de expressão ou comportamento diante de variação no tom de voz quando alguém está falando com ele;
– não reage a música.
Em crianças:
– não seguir comandos simples, como pegar os sapatos ou fechar a porta;
– frustração constante com falhas de comunicação;
– atrasos nas habilidades de fala e comunicação, em comparação ao ideal para a sua idade;
– dependência de leitura labial;
– ao fim da aula, a criança se encontra muito cansada e não consegue comunicar aos pais ou responsáveis o que sente.
Após o diagnóstico, cada caso é avaliado para verificar qual a melhor reabilitação auditiva. Uma das formas de tratamento é o implante coclear, que é indicado para perdas auditivas severas e profundas ou para surdez total. A prótese – que é implantada na orelha e dura a vida toda – substitui a função das células que não estão funcionando. Já para perdas leves ou moderadas, são utilizados aparelhos de amplificação sonora individual.
A surdez necessita de acompanhamento durante toda a vida da pessoa. No início do tratamento, o paciente é acompanhado por otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicólogos e, se necessário, neurologistas ou outros especialistas conforme o quadro. Com o passar dos anos, precisa dar continuidade ao tratamento apenas com otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos.
Referência no Brasil pela complexidade dos casos tratados, o Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Pequeno Príncipe realiza consultas ambulatoriais e cirurgias, como o implante coclear – a instituição é a única exclusivamente pediátrica do país habilitada pelo Ministério da Saúde para fazer esse procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O serviço conta com uma equipe multiprofissional composta por otorrinolaringologistas pediátricos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Apresenta uma estrutura completa para realizar o diagnóstico, a cirurgia, o acompanhamento pós-cirúrgico e a reabilitação dos pacientes com problemas relacionados aos ouvidos, nariz, garganta e cirurgia cervicofacial. Em 2021, a especialidade realizou 3.552 consultas e 20 implantes cocleares, sendo 14 pelo SUS.