O imunizante salva vidas e é a principal forma de prevenção contra a doença
Diante de um corte, arranhão ou perfuração, é comum surgir a dúvida sobre a necessidade da vacina antitetânica. A questão é relevante, já que o tétano é uma doença grave, não contagiosa, provocada por uma bactéria presente no solo, poeira, ferrugem e até em fezes de animais. De acordo com o Ministério da Saúde, a cada 100 pessoas que têm a doença, 30 morrem.
Entre 2021 e 2023, o Brasil registrou mais de 500 casos de tétano acidental, segundo o Ministério da Saúde. A doença atingiu principalmente aposentados, trabalhadores do campo e da construção civil, além de estudantes e donas de casa. A taxa de letalidade chama atenção: mais de 25% dos casos resultaram em morte — um índice considerado alto em comparação ao de países desenvolvidos.
O tétano é uma infecção aguda e grave, causada pela toxina do bacilo tetânico, o Clostridium tetani, uma bactéria que vive em ambientes contaminados, entra no corpo por meio de ferimentos ou lesões de pele e não é uma doença transmissível. A toxina tetânica denominada tetanospasmina é capaz de agir sobre as células do sistema nervoso central.
O tétano acidental se manifesta por aumento da tensão muscular geral. Quando os músculos do pescoço são atingidos, há dificuldade de deglutição. No caso de contratura muscular generalizada e rigidez muscular progressiva, são atingidos o músculo reto do abdômen e os do diafragma, o que leva à insuficiência respiratória e até ao óbito.
Existe também o tétano neonatal devido à contaminação do cordão umbilical em recém-nascido. Nesse caso, o sistema nervoso é afetado, provocando fortes dores, contrações musculares, choro intenso e dificuldade para mamar. Por isso, a prevenção com a vacina antitetânica é essencial, inclusive para as gestantes.
A principal forma de prevenção contra o tétano é a imunização: segura, eficaz e indicada em todas as faixas etárias. Manter a vacinação em dia evita preocupações em momentos de emergência. Afinal, acidentes domésticos, quedas, arranhões ou cortes no quintal podem acontecer em qualquer idade. Prevenir é mais simples, rápido e seguro do que tratar a doença.
Segundo a pediatra e coordenadora do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, a vacina contra o tétano salva vidas e deve estar presente no calendário de todas as idades: crianças, adolescentes, gestantes e idosos. “Após um ferimento, o ideal é procurar atendimento o quanto antes para que a equipe avalie a necessidade de reforço ou da imunoglobulina”, reforça.
– Crianças
Desde os 2 meses de vida, o bebê já começa a receber vacinas que contêm o componente antitetânico, dentro da pentavalente (oferecida pelo SUS). O esquema é feito em três doses (2, 4 e 6 meses), com reforços aos 15 meses e entre 4 e 5 anos.
– Adolescentes e adultos
Se já completaram as três doses na infância, precisam apenas de reforço a cada dez anos. Em caso de acidentes com ferimentos de risco, esse intervalo pode ser reduzido para cinco anos.
– Gestantes
A gestante deve receber uma dose de dTpa (difteria, tétano e coqueluche acelular) a partir da 20.ª semana de gestação, mesmo que esteja em dia com as vacinas. Além de protegê-la, essa dose garante anticorpos para o bebê nos primeiros meses de vida.
– Idosos
Com o passar do tempo, a proteção das vacinas pode diminuir. Muitos idosos não têm o histórico vacinal completo. Por isso, é essencial verificar o cartão de vacinas e, se necessário, atualizar as três doses do esquema primário e os reforços.
Informações do Ministério da Saúde.
Em caso de ferimentos, recomenda-se lavar o local com água corrente limpa e sabão neutro. Também é indicado procurar o serviço básico de saúde para que um profissional avalie a situação da lesão no mesmo dia do acidente. Por fim, é importante atentar-se ao aparecimento dos primeiros sintomas da doença, geralmente entre cinco e 15 dias após a contaminação.
E se a pessoa nunca se vacinou ou não lembra quantas doses recebeu, a recomendação é iniciar ou completar o esquema vacinal imediatamente.
Em alguns casos, além da vacina, pode ser necessária a aplicação de imunoglobulina humana antitetânica (Ighat). Isso acontece em situações de ferimentos de alto risco, quando a pessoa não tem esquema vacinal completo ou não consegue comprovar as doses. Dessa forma, a imunoglobulina fornece uma proteção imediata enquanto o imunizante começa a agir.
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