Cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero são provocados pelo vírus. A vacinação e o diagnóstico precoce são as principais medidas de prevenção
No Brasil, o câncer de colo de útero é o segundo que mais leva mulheres a óbito entre 20 e 49 anos. Todos os dias, 19 mulheres morrem devido à doença, aproximadamente 300 mil anualmente. Cerca de 99% desses casos são causados pelo papilomavírus humano (HPV), conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A taxa de infecção pelo vírus atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens, de acordo com o Ministério da Saúde. Mais de 80% das pessoas sexualmente ativas entrarão em contato com o vírus em algum momento da vida antes dos 45 anos.
O HPV é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo e afeta tanto mulheres quanto homens. A transmissão ocorre principalmente por contato sexual, mas pode acontecer também pelo contato direto com a pele e mucosas infectadas.
Existem mais de 200 subtipos desse vírus. Desses, pelo menos 14 são considerados de alto risco e podem causar cânceres, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde.
– Tipos de baixo risco – podem causar verrugas (papilomas) nos genitais e no ânus. As mulheres também podem ter verrugas no colo do útero e na vagina. Esses tipos de HPV raramente causam câncer.
– Tipos de alto risco – têm maior probabilidade de persistir e estar associados a lesões pré-cancerígenas. Podem causar câncer em homens e mulheres.
Em muitos casos, o HPV pode ser assintomático (pessoa não apresenta sintomas visíveis). Os sinais iniciais aparecem, geralmente, entre dois e oito meses após o contato, mas, em alguns casos, o vírus pode permanecer inativo e demorar até 20 anos para manifestar-se.
Os sintomas variam conforme o tipo de infecção e área afetada, e a doença pode provocar:
– Lesões clínicas
Lesões genitais na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (frequentemente na glande), bolsa escrotal e região pubiana, que se manifestam como verrugas irregulares. Em casos mais raros, as lesões também podem surgir em áreas extragenitais, como nas conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
– Lesões subclínicas
Não visíveis a olho nu e podem surgir nos mesmos locais das lesões clínicas. Normalmente, não apresentam sinais e sintomas e podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco de desenvolver câncer.
“A vacinação contra o HPV é uma das formas mais eficazes de prevenir infecções que podem evoluir para o câncer. É importante ser administrada já aos 9 anos de idade e antes do início da vida sexual. Isso porque, caso a pessoa entre em contato com o vírus, estará protegida e com a resposta imunológica mais resistente”, explica a pediatra e coordenadora do Centro de Vacinas Pequeno Príncipe, Heloisa Ihle Garcia Giamberardino.
A recomendação é a de que a vacinação seja feita antes do início da vida sexual, em meninas e meninos a partir dos 9 anos de idade, com dose única. Contudo, é indicada também a adultos não vacinados. Para a faixa de 15 a 45 anos de idade, a recomendação é de três doses, considerando o histórico vacinal contra o HPV.
O Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), disponibiliza a vacina quadrivalente contra o vírus HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos; homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia; pessoas vivendo com HIV/AIDS; e vítimas de violência sexual. Nos demais casos, é possível vacinar-se em clínicas particulares, com o imunizante HPV nonavalente, como no Centro de Vacinas Pequeno Príncipe.
A vacina nonavalente foi aprovada no Brasil em março de 2023 e aumenta em aproximadamente 25% a proteção contra o HPV.
Muitas infecções por HPV são assintomáticas, por isso exames de rotina, como o papanicolau (preventivo), são fundamentais para detectar alterações celulares precocemente. Além disso, mulheres podem fazer o teste de HPV, que identifica a presença do vírus de alto risco. O uso do preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais também é outra importante forma de prevenção.
1 – A vacina contra o HPV pode causar efeitos colaterais graves?
MITO. A vacina contra o HPV é segura. Assim como qualquer outra, pode causar reações leves, como dor no local da aplicação ou febre baixa. A segurança do imunizante é rigorosamente monitorada por órgãos nacionais e internacionais de saúde.
2 – Somente meninas precisam vacinar-se?
MITO. A vacinação é recomendada para meninas e meninos. Homens também podem desenvolver cânceres relacionados ao HPV, como os de pênis, ânus e orofaringe. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), pelo menos 15 mil casos de câncer por ano em homens são causados por HPV.
3 – Quem já foi infectado pelo HPV não precisa da vacina?
MITO. Mesmo quem já foi exposto ao HPV pode beneficiar-se da vacinação, pois a pessoa pode não ter sido infectada por todos os tipos cobertos pela vacina. Além disso, o imunizante ajuda a prevenir infecções futuras por outros tipos de HPV.
4 – A vacinação contra o HPV é eficaz apenas em adolescentes?
MITO. Embora a vacina proteja mais quando administrada antes do início da vida sexual, adultos jovens e adultos até 45 anos também podem beneficiar-se, pois ainda podem estar suscetíveis a infecções por outros tipos de HPV. A vacinação é indicada para mulheres e homens de 9 a 45 anos.
5 – A vacina contra o HPV incentiva o início da atividade sexual?
MITO. Não há evidências de que a vacinação contra o HPV influencie o comportamento sexual dos adolescentes. A imunização é uma medida de saúde pública que visa a proteger contra infecções virais e suas complicações.
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